Aos 84 anos, idosa descobre que carrega bebê calcificado a 40 anos em seu corpo
Nos últimos tempos, tem havido uma considerável repercussão entre os brasileiros devido a vídeos nas redes sociais que relatam o caso surpreendente de uma idosa de 84 anos que se descobriu “grávida”. Embora o incidente seja datado de alguns anos atrás, ele ressurgiu graças a publicações nas plataformas online.
A história de Joaquina capturou a atenção da televisão brasileira por meio do programa “Domingo Espetacular”, que acompanhou a protagonista para desvendar os acontecimentos. Esse relato impressionante teve lugar na cidade de Natividade, localizada no interior de Tocantins.
A senhora idosa tomou conhecimento dessa situação após sentir-se mal e buscar assistência em uma clínica médica local. Joaquina Costa Leite está atualmente grávida de um feto com sete meses de desenvolvimento em seu útero.
As imagens obtidas por meio dos exames médicos confirmaram a situação descrita. De acordo com o profissional de saúde que prestou atendimento a Joaquina, o feto apresentava uma condição de calcificação completa. Os detalhes dessa ocorrência são surpreendentes, chegando a desafiar a crença.
“É possível observar os ossinhos claramente. Aqui temos um bracinho, aqui está a perninha e as costelinhas… e isso aqui é a cabeça.” A condição experimentada pela idosa é incomum e é conhecida pelos especialistas como bebê de pedra.
Quatro décadas atrás, Joaquina enfrentou uma gestação dolorosa, uma vez que o embrião se desenvolveu fora do útero. Dada a incapacidade do feto de sobreviver fora do ambiente uterino, ele foi impedido de progredir em seu desenvolvimento.
Durante o sétimo mês de sua gravidez, Joaquina enfrentou um período de intenso desconforto, possivelmente resultando na perda do bebê. Naquela época, com acesso limitado a recursos médicos, ela buscou a ajuda de um curandeiro.
O que leva a calcificação de um feto
Segundo Renato Passini Júnior, professor de obstetrícia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de um estudo de caso sobre uma mulher pernambucana que carregou um feto calcificado por 18 anos, o feto pode ser identificado por meio de exames de ultrassom ou raio-X. Isso explica por que mulheres com menos acesso à saúde são mais afetadas, uma vez que, de outra forma, o feto dificilmente teria tempo suficiente para se calcificar.
Ao longo do tempo, um feto morto presente no organismo passa por um processo de mumificação, em que os tecidos se desidratam devido à falta de irrigação sanguínea e começam a acumular cálcio. O obstetra afirma que a calcificação do feto pode levar de 23 a cem anos para ocorrer.
A ocorrência de gravidez ectópica é um fenômeno extremamente raro, e os casos de calcificação fetal são ainda mais incomuns. Ao longo de 400 anos de literatura médica, foram documentados menos de 400 casos de gravidez abdominal em todo o mundo, e apenas de 1% a 2% desses casos resultaram em fetos calcificados”, afirma o especialista em ginecologia.
É curioso observar que, em algumas mulheres, todo esse processo pode ocorrer sem a manifestação de sintomas fortes, enquanto em outras pode causar intensas dores, possivelmente devido a infecções ou à reação do próprio organismo ao reconhecer o corpo estranho. No último caso, geralmente a descoberta do feto ocorre quando a mulher busca atendimento hospitalar.
Durante esse processo, ocorre a completa absorção dos líquidos presentes nos tecidos. Como resultado, o feto sofre uma considerável redução de tamanho e é calcificado, sem liberar quaisquer substâncias tóxicas, o que impede a ocorrência de problemas de saúde. De fato, algumas mulheres só percebem a presença do feto quando ele já se encontra calcificado.