Tristeza e dor: Comunicamos a morte da querida empresária, a esposa do nosso Lu… Ver mais

Na manhã daquela quarta-feira fria, os moradores de Ponta Grossa começaram o dia sem imaginar que enfrentariam um baque tão profundo. À medida que as primeiras mensagens se espalhavam pelas redes sociais, um silêncio quase simbólico parecia pairar sobre a cidade: havia partido Suelem Ramos Sozim, uma mulher de apenas 36 anos, cuja presença marcante foi capaz de unir uma comunidade inteira.
A empresária, conhecida não apenas por seus dotes culinários, mas por uma alegria contagiante que desarmava qualquer tristeza, estava em tratamento contra um câncer. Lutava com bravura. E parecia vencer. Há apenas duas semanas, ela mesma havia compartilhado em vídeo um momento emocionante: o término de sua décima sessão de radioterapia. “Vitória!”, escreveu na legenda, com um sorriso que inspirava.
Ninguém estava preparado para o que veio depois.
Suelem era mais que um rosto conhecido — ela era parte da alma do lugar. Proprietária de uma chácara de alto padrão, transformou o espaço em algo mais do que um negócio: fez dele um refúgio para quem buscava acolhimento e sabor.
Era lá que preparava suas famosas tortas artesanais, feitas com o cuidado de quem coloca amor em cada camada de massa e recheio. A cada final de semana, era comum ver famílias inteiras fazendo fila, não apenas pelo sabor das tortas, mas pelo calor humano de quem as vendia.
Mas a empresária não se limitava às paredes da cozinha. Em suas redes, registrava com frequência os momentos em que pedalava pelas trilhas da região, respirando fundo o ar do campo e sorrindo, como se dissesse silenciosamente: “Estou viva.
E isso é tudo.” Ela era, segundo amigos próximos, uma amante da liberdade. Um espírito leve, que encontrava alegria em cada pedalada, em cada brisa no rosto.
Casada, Suelem fazia parte de uma família que também trazia o empreendedorismo no sangue. Os sogros, reconhecidos pela produção de uvas em uma propriedade vizinha, eram figuras respeitadas no meio rural.
Era comum ver a união entre os negócios da família e a colaboração mútua entre gerações — um retrato da simplicidade e da força da comunidade rural paranaense.
A notícia de sua morte, no entanto, chegou como um sussurro de incredulidade.
Primeiro uma mensagem. Depois outra. Em minutos, a cidade inteira sabia. E chorava.
As redes sociais se transformaram em um imenso mural de homenagens. Fotos, vídeos, textos cheios de emoção tomaram conta dos perfis de amigos e familiares. Uma amiga escreveu:
Outra, companheira de tantas trilhas de bicicleta, compartilhou imagens de Suelem em momentos de pura felicidade, com a lama da trilha ainda no rosto e os olhos brilhando como se tivessem descoberto um novo mundo.
“Ela era incansável. Tinha sede de vida”, declarou.
O sepultamento aconteceu na tarde do dia 2 de junho, em um cemitério local. E, mesmo sem palavras, o gesto coletivo dizia muito. Amigos, familiares, vizinhos, clientes. Pessoas unidas não apenas pela perda, mas pela gratidão por terem conhecido alguém como ela. O cortejo foi silencioso, mas carregado de significados.
Cada flor, cada olhar para o céu, parecia uma última tentativa de agradecer.
Nos dias que seguiram, muito foi dito sobre Suelem. Mas talvez o maior legado que ela tenha deixado seja o exemplo de resistência com leveza.
De quem não ignorou a dor, mas a enfrentou com doçura. De quem, mesmo fragilizada, encontrou força para celebrar pequenas vitórias — como a de concluir uma sessão de radioterapia. Como a de fazer mais uma torta. Como a de viver mais um dia.
Ponta Grossa não será mais a mesma sem Suelem. Mas a memória dela continua presente — no aroma de uma receita que ficou, no som das bicicletas que percorrem trilhas, nas mãos que agora trabalham inspiradas por sua história.
Em tempos onde a pressa e o medo parecem dominar o mundo, a vida de Suelem Ramos Sozim é um lembrete urgente: a esperança pode ser feita de gestos simples. E viver, apesar de tudo, ainda é o maior ato de coragem.