Guia de Brasileira que caiu em vulcão sofre castigo, ele acabou sendo… Ver mais

Na manhã do dia 24 de junho, o Brasil acordou com uma notícia que congelou corações: Juliana Marins, uma publicitária de 28 anos, foi encontrada sem vida após desaparecer durante uma trilha no Monte Rinjani, uma das montanhas mais desafiadoras e belas da Indonésia. O que começou como mais uma jornada de turismo ecológico terminou em tragédia — e em um rastro de perguntas sem respostas claras.
Mas o que realmente aconteceu naquela montanha encoberta por névoa e silêncio?
Um destino de sonho que virou pesadelo
Juliana estava na Indonésia para viver o que muitos consideram a realização de um sonho: explorar a natureza exuberante de Lombok, e, entre os pontos escolhidos, o icônico Monte Rinjani — o segundo vulcão mais alto do país, conhecido tanto por sua beleza quanto por seus riscos.
Naquele dia, acompanhada de outros turistas e do guia Ali Musthofa, ela deu início à trilha que leva ao cume. Musthofa não era um novato: com 62 subidas registradas desde novembro de 2023, era considerado um guia experiente.
No entanto, o cenário que os aguardava estava longe de ser ideal. O tempo mudou rapidamente, como frequentemente acontece na região: chuvas persistentes, ventos gelados e uma densa neblina cobriram a trilha. Ainda assim, o grupo seguiu.
A última parada de Juliana
O ponto de ruptura aconteceu quando Juliana, segundo relatos, começou a demonstrar sinais de cansaço.
O guia sugeriu que ela parasse por alguns minutos para descansar. O combinado, conforme Musthofa relatou mais tarde à polícia local, era simples: ela retomaria o percurso e se juntaria ao grupo logo à frente.
Mas isso nunca aconteceu.
Passaram-se minutos. Depois, mais de uma hora. Quando Musthofa se deu conta de que Juliana não havia reaparecido, voltou imediatamente.
O que encontrou foi desolador: sinais de que ela havia despencado de um barranco profundo, com mais de 150 metros de altura. O local era de difícil acesso. As buscas, dificultadas pelo clima severo, levaram quatro dias.
Quando o corpo foi finalmente encontrado, já não havia mais esperança.
Negligência ou tragédia inevitável?
A comoção tomou conta das redes sociais. Amigos e familiares de Juliana, consternados, começaram a levantar uma pergunta incômoda: ela foi colocada em risco desnecessariamente? A família foi enfática ao declarar que Juliana estava em um ambiente “extremamente severo” e que a trilha não era segura para as condições climáticas do dia.
Ali Musthofa, o guia, prestou depoimento e afirmou que seguiu os protocolos e que jamais abandonaria um turista de forma consciente. Mas os questionamentos persistem. Seria possível evitar a tragédia? Ele deveria ter interrompido a trilha? Por que não esperou por ela?
O lado invisível do turismo de aventura
O caso de Juliana não é isolado. Cada vez mais, turistas buscam experiências imersivas em locais exóticos e remotos — e, com isso, se expõem a riscos pouco visíveis para quem não conhece o território.
Guia turístico não é apenas um acompanhante. É, ou deveria ser, o guardião da segurança dos viajantes. Mas o que acontece quando a linha entre aventura e perigo é tênue demais?
Para especialistas, esse tipo de tragédia aponta para três pilares fundamentais que precisam ser reforçados:
Capacitação constante dos guias: Não basta conhecer o caminho. É preciso saber como reagir a emergências, mudanças climáticas bruscas e situações de estresse físico dos turistas.
Avaliação do perfil dos viajantes: Nem todos estão fisicamente aptos a encarar trilhas exigentes. Um check-up prévio e análise da capacidade do grupo pode salvar vidas.
Flexibilidade e precaução
: Em caso de clima instável, cancelar ou adiar a trilha deve ser considerado um ato de responsabilidade, e não de fracasso.
A montanha que não esquece
O Monte Rinjani é agora, para brasileiros, mais do que uma paisagem exuberante: é símbolo de uma dor silenciosa e de um alerta urgente. A morte de Juliana Marins se tornou um ponto de inflexão — um lembrete cruel de que, na natureza, a beleza e o perigo caminham lado a lado.
E agora?
Juliana não volta mais. Mas sua história pode — e deve — servir como um chamado à consciência. Para viajantes: preparem-se. Informem-se. Escolham com cuidado quem os conduzirá em experiências extremas.
Para agências de turismo: é hora de rever protocolos, investir em formação e colocar a segurança à frente da aventura.
A trilha de Juliana terminou em silêncio, sob o manto de uma montanha coberta por nuvens. Que sua memória sirva como farol para que outros caminhos não tenham o mesmo fim.