Foi revelada a causa de queda de balão que matou 8 pessoas, foi culpa do m… Ver mais

Por um instante, parecia ser apenas mais um voo panorâmico sobre os majestosos cânions de Santa Catarina. O céu azul, a brisa suave e o entusiasmo de 21 pessoas dentro de um balão colorido que, segundos depois, se tornaria palco de uma das maiores tragédias aéreas da região.
Era manhã de sábado, por volta das 9h30, quando o inusitado e o aterrador se cruzaram em Praia Grande (SC).
Uma cidade conhecida por seus cenários impressionantes, longe do mar que o nome sugere, mas abraçada pelas formações rochosas mais dramáticas do sul do país. Conhecida como a “Capital dos Cânions”, o município tem no turismo de aventura uma de suas principais atividades — e os voos de balão são, sem dúvida, a grande atração.
Naquele dia, porém, o passeio terminou de forma devastadora.
Segundo informações iniciais da Polícia Civil, o incêndio que provocou a queda do balão, matando oito pessoas, teria sido iniciado por um maçarico que estava no interior do cesto. Um detalhe que, embora comum na operação dos balões, se transformou em peça-chave para entender a tragédia.
O próprio piloto — que sobreviveu ao acidente — relatou aos investigadores que o fogo teria começado no equipamento. Ele não soube explicar se o maçarico ainda estava ligado, se ocorreu uma falha ou se houve ignição espontânea. Mas afirmou que foi ali, no coração da estrutura, que as chamas começaram a se espalhar.
“Esse maçarico estava dentro do cesto. Ele [o piloto] não soube precisar se ficou aceso ou se teve uma chama espontânea, mas confirmou que o fogo começou no equipamento”, explicou o delegado Tiago Luiz Lemos, responsável pela investigação em Praia Grande.
A Polícia Científica e outros órgãos especializados foram acionados para realizar a perícia técnica, que deve fornecer os laudos definitivos sobre o que, de fato, aconteceu naquele voo que deveria ser apenas uma experiência turística.
Uma Corrida Contra o Tempo
Relatos do piloto indicam que, ao perceber as chamas, tentou descer o balão ao máximo para permitir a fuga dos passageiros.
A aeronave conseguiu se aproximar do solo, e os gritos para que todos pulassem ecoaram entre o caos. A maioria conseguiu saltar. Outros, hesitaram — e esse lapso foi fatal.
À medida que o peso diminuía com as pessoas se jogando, o balão subiu novamente.
Mas, dessa vez, envolto em chamas. O horror estava completo. Quem permaneceu a bordo não teve escapatória. A estrutura foi consumida rapidamente, e o cesto despencou diante dos olhos de moradores que gravaram, estarrecidos, os últimos instantes.
As imagens feitas do chão são chocantes. O balão, como uma enorme tocha flutuante, luta contra o destino até o colapso total.
O silêncio que se seguiu à queda foi tão ensurdecedor quanto o próprio acidente.
Destino Turístico, Cenário de Dor
Praia Grande, com cerca de 7 mil pousos e decolagens de balões por mês, é um dos principais polos turísticos de aventura do Brasil. Localizada a 270 quilômetros de Florianópolis e a 230 de Porto Alegre, a cidade atrai visitantes do país inteiro que buscam experiências únicas entre os cânions do Itaimbezinho e Malacara.
Segundo a prefeitura, dezenas de empresas estão credenciadas para operar voos turísticos. O que aconteceu nesse sábado, no entanto, acendeu um alerta vermelho sobre protocolos de segurança, manutenção de equipamentos e treinamento das tripulações.
O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, confirmou que a investigação está avançando, com coleta de materiais, entrevistas com sobreviventes e análises técnicas que devem esclarecer cada passo da tragédia.
Por ora, duas pessoas permanecem hospitalizadas, e o estado de saúde do piloto ainda não foi divulgado.
Mistérios no Ar
Entre as perguntas que permanecem no ar, algumas são cruciais: o maçarico estava ligado sem necessidade? Houve falha mecânica ou humana? A empresa responsável seguia os protocolos exigidos por lei?
Cada uma dessas respostas será fundamental não apenas para entender o que ocorreu naquele voo, mas para prevenir que episódios semelhantes se repitam.
Enquanto isso, Praia Grande amanhece em luto.
As belezas naturais que encantam o Brasil hoje estão cobertas por uma nuvem de tristeza. E as famílias que perderam seus entes esperam por justiça e respostas.
Um balão, símbolo de liberdade e aventura, virou uma cápsula de horror em questão de minutos.
E o que deveria ser uma celebração da natureza se tornou um pesadelo que ainda ecoa pelos cânions.





