Brasil de Luto: Morre querido JORNALISTA após b… Ver mais

Por mais de 40 anos, Celso atravessou as redações do país como uma bússola ética e criativa. Quando se aposentou em dezembro de 2024, depois de uma década comandando o “mesão” do R7 — como era conhecido o centro nevrálgico das decisões editoriais —, poucos imaginavam que o seu capítulo final viria tão cedo. E tão abruptamente.
A notícia de sua morte se espalhou com a mesma velocidade de um “furo” jornalístico.
Mas, desta vez, não era Celso quem coordenava a manchete. Ele era, agora, o protagonista de uma despedida que ninguém queria escrever.
O bastidor de uma lenda
Para muitos, Celso Fonseca era mais do que um jornalista. Era um contador de histórias, um mentor incansável, um farol em meio à turbulência do noticiário diário. Colegas o descrevem como alguém que sabia, como poucos, identificar o que era essencial: o que tocaria o leitor, o que faria diferença, o que merecia estar na manchete.
No comando do Portal R7, entre agosto de 2014 e dezembro de 2024, Celso não apenas liderou. Ele moldou uma geração. “Era como se ele tivesse um radar interno para o que realmente importava”, relembra uma ex-colega de redação.
“Trabalhar ao lado dele era como estar em uma sala de aula viva, onde cada decisão editorial virava lição.”
Foi essa sensibilidade que o fez respeitado — e temido — em todas as pautas. Nunca elevava o tom. Não precisava. Seu olhar bastava para que repórteres e editores entendessem que algo precisava ser refeito, reescrito ou investigado a fundo.
PUBLICIDADEUma história costurada com manchetes
Antes de chegar ao R7, Celso Fonseca já tinha deixado sua marca em outros grandes veículos da imprensa brasileira. Seus colegas o descrevem como um “jornalista raiz”, daqueles que viam a rua como principal fonte de informação, que confiavam mais na apuração do que na especulação, e que sabiam o peso que uma palavra mal colocada podia ter em uma manchete.
Ele viveu e sobreviveu às transformações do jornalismo — do impresso ao digital, da máquina de escrever às plataformas em tempo real. E fez isso sem jamais perder o senso de missão.
Um legado que não cabe em uma nota de falecimento
A morte de Celso Fonseca não foi apenas o fim de uma vida; foi o encerramento de uma era. Uma era em que o jornalismo ainda era construído com o rigor das fontes confiáveis, da checagem tripla, do “escreve e reescreve até ficar certo”.
Muitos jornalistas mais jovens relatam que suas primeiras grandes pautas passaram pelas mãos de Celso.
“Ele dava segurança pra gente errar e acertar. Mas, acima de tudo, ensinava a perguntar ‘por quê?’, a duvidar, a desconfiar do óbvio”, conta um ex-estagiário, hoje editor sênior.
E mesmo após sua aposentadoria, continuava presente. Celso fazia questão de visitar o antigo “mesão”, trocar ideias, provocar reflexões. Até o fim, manteve-se curioso, inconformado, apaixonado por manchetes bem escritas e notícias bem contadas.
Silêncio editorial
A causa da morte ainda não foi oficialmente divulgada, mas colegas próximos falam em um mal súbito. A discrição, característica marcante de sua personalidade fora das redações, parece ter acompanhado Celso até o último instante.
Nada de despedidas públicas. Nada de cerimônias extensas. Apenas a memória viva em cada pauta que passou por suas mãos.
Nos corredores do jornalismo, onde o tempo é sempre curto e as histórias se atropelam, a ausência de Celso Fonseca parece desacelerar tudo. Como se o tempo quisesse respeitar, por um instante, a perda de um mestre.
Que manchete seria digna dele?
Se Celso ainda estivesse no “mesão”, talvez dissesse que a notícia não é sobre ele, mas sobre o impacto que a ausência dele vai causar. Talvez sugerisse um título discreto, sóbrio, sem exageros. Mas quem o conheceu sabe: Celso Fonseca foi, e sempre será, uma manchete por si só.
Hoje, o jornalismo brasileiro publica, com dor, sua mais dura notícia: a perda de um dos seus maiores nomes.
E enquanto os olhos dos colegas se voltam para as próximas pautas, uma pergunta permanece no ar — a mesma que ele sempre fazia quando uma história importante chegava à redação:
“Qual é o peso disso?”
A resposta, agora, todos sabemos:
imenso.





