Noticia

Casal é encontrado morto dentro de carro na beira da estrada, todos estavam ama…Ler mais

As estradas brasileiras guardam histórias que começam com uma simples viagem e terminam em silêncio. A BR-163, que corta o Sul do país, já viu de tudo: pressa, descuido, imprudência — e tragédias que se repetem como um eco impossível de calar. À noite, sob faróis que mal vencem a escuridão, cada curva pode se tornar um ponto sem retorno.

No último sábado, 4 de outubro, o asfalto úmido e a neblina baixa pareciam anunciar mais uma dessas histórias. Era por volta das dez da noite quando um estrondo rompeu a tranquilidade da cidade de Barracão. Motoristas que passavam pela região da Curva do Guaresqui — um trecho conhecido pelos moradores pela sua periculosidade — afirmam ter ouvido o som metálico de uma colisão que reverberou por toda a encosta.

Quando o socorro chegou, a cena era de completa devastação. Os destroços se espalhavam pela pista e um dos veículos havia parado no barranco, parcialmente virado. As luzes de emergência dos bombeiros e da Polícia Rodoviária Federal cortavam a escuridão, revelando pouco a pouco a dimensão do impacto.

No meio dos estilhaços, uma motocicleta totalmente destruída. O cheiro de combustível misturava-se ao do asfalto queimado. Próximo a ela, dois corpos — um deles imóvel, o outro ainda com sinais de vida. Em poucos minutos, os socorristas confirmaram o que todos temiam: uma das vítimas não resistira.

Enquanto uma equipe lutava para estabilizar a segunda pessoa ferida, moradores observavam em silêncio. A estrada, mais uma vez, havia cobrado seu preço. O trecho da Curva do Guaresqui é conhecido por exigir perícia e atenção, principalmente durante a noite. Basta um deslize, um cálculo errado de distância, para que o destino mude em segundos.

O carro envolvido, um GM Captiva, estava tombado na margem da rodovia. O motorista, atordoado, conseguiu sair sozinho e não teve ferimentos graves. A Polícia Rodoviária Federal isolou o local e iniciou os procedimentos para apurar o que realmente aconteceu naquela noite — se houve excesso de velocidade, falha mecânica ou apenas o azar de um encontro fatal.

Horas depois, as identidades das vítimas foram confirmadas: Roberto dos Santos, de nacionalidade argentina, e Viviane Kuntz, que seguia na garupa da moto. Roberto morreu ainda no local. Viviane chegou a ser levada em estado crítico ao Hospital Municipal de Dionísio Cerqueira, mas não resistiu.

O casal, que deixa cinco filhos pequenos, fazia o trajeto de volta para casa após um dia comum — até que a BR-163 transformou o retorno em tragédia.

O caso reacende um alerta antigo: a rodovia está entre as mais perigosas do Sul do país, e cada curva mal iluminada, cada sinal gasto pelo tempo, carrega o risco de uma nova perda.

A Curva do Guaresqui, em especial, continua sendo o lembrete sombrio de que, nas estradas brasileiras, o perigo pode surgir quando menos se espera — e, muitas vezes, não há segunda chance.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *