Noticia

Pastora e marido são presos após matarem a sua própria… Ver mais

Uma denúncia anônima, um corpo debilitado, versões contraditórias e um desfecho trágico. O que parecia ser apenas mais um caso de conflito familiar em Belém, revelou um enredo sombrio que levou à prisão de um casal de religiosos.

Na manhã desta sexta-feira (4), a Polícia Civil do Pará (PCPA) desvendou um caso que chocou até os investigadores mais experientes.

A pastora Marleci Ferreira de Araújo e seu marido, Ronnyson dos Santos Alcântara, foram presos preventivamente, suspeitos de submeter uma mulher a um ciclo de violência física e psicológica que terminou em morte.

A vítima, identificada apenas como Flávia, vivia com o casal em circunstâncias que, segundo a polícia, se assemelham a um cárcere disfarçado de acolhimento religioso.

O que aconteceu dentro daquela casa, no coração de Belém, ainda está sendo minuciosamente apurado — mas os primeiros detalhes já são suficientes para causar espanto.

Tudo começou com uma denúncia inquietante

Era 15 de maio deste ano quando a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) recebeu uma ligação que acendeu o alerta: uma mulher estaria sendo mantida em situação degradante por um casal. Segundo o relato, a vítima parecia desnutrida, fragilizada, e realizava tarefas domésticas exaustivas sob vigilância constante.

Os agentes foram imediatamente até o endereço indicado.

Ao chegarem, encontraram uma mulher visivelmente debilitada — magra em excesso, com feições abatidas, mas… com uma história surpreendentemente diferente da esperada.

Uma reviravolta desconcertante

Em um depoimento que deixou os policiais desconcertados, Flávia negou categoricamente qualquer tipo de violência. “Ela disse que estava ali por vontade própria, que mantinha uma relação de amizade com o casal e que sofria rejeição da própria família por motivos religiosos”, relatou a delegada Bruna Paolucci.

Segundo a delegada, a mulher ainda afirmou que trabalhava de forma remota e que se recusava a sair da casa. Mesmo com os sinais claros de debilidade física, ela não demonstrava, pelo menos à primeira vista, estar sob coação.

Mas os policiais saíram dali com mais perguntas do que respostas.

O silêncio antes do desfecho

Nos dias seguintes, as investigações avançaram de forma silenciosa, mas incisiva. Mandados de busca e apreensão foram solicitados e autorizados pela Justiça. O casal, interrogado formalmente, negou todas as acusações. Sustentavam que apenas ajudavam Flávia, oferecendo abrigo e orientação espiritual.

Contudo, os indícios reunidos pela polícia apontavam para outra direção. Testemunhas ouvidas confirmaram o estado alarmante em que Flávia se encontrava. Relatos sugeriam que ela era impedida de sair sozinha, que não se comunicava com a família há meses, e que vivia sob intensa influência psicológica do casal — uma situação que levantou suspeitas de manipulação e dependência emocional severa.

A morte e o cerco final

O que começou como uma suspeita ganhou contornos trágicos quando a notícia da morte de Flávia chegou à polícia. Ainda sob investigação, as circunstâncias do óbito permanecem envoltas em mistério.

O corpo apresentava sinais de extrema fraqueza, possivelmente por desnutrição prolongada, e exames médicos deverão esclarecer as reais causas.

Foi o elemento que faltava para o cerco se fechar. A Justiça decretou a prisão preventiva de Marleci e Ronnyson, que foram localizados e detidos em Belém. As buscas realizadas na residência do casal complementam o inquérito, que agora mira em possíveis crimes de maus-tratos com resultado morte, sequestro e até violação de direitos humanos.

Quem era Flávia? E por que ela se calou?

Essa talvez seja a pergunta que mais intriga os investigadores — e o público. Flávia, aparentemente adulta e lúcida, optou por proteger seus supostos agressores. Qual era o grau de influência que o casal exercia sobre ela? Seria medo, dependência emocional, ou um laço religioso que a cegava para a própria dor?

Os próximos capítulos desse caso, ainda em fase de investigação, podem revelar uma rede mais ampla de abusos psicológicos disfarçados de fé. A PCPA mantém sigilo sobre detalhes do processo, mas confirmou que o trabalho investigativo continua, com o apoio de peritos, psicólogos e assistentes sociais.

A cidade em choque, a fé sob suspeita

Belém amanheceu em estado de perplexidade. Como pode uma figura religiosa — alguém que prega o acolhimento e a compaixão — estar no centro de uma tragédia tão silenciosa e cruel?

O caso reacende o debate sobre os limites entre orientação espiritual e abuso de autoridade emocional. Até onde vai a fé, e onde começa o fanatismo?

Enquanto a Justiça busca respostas, a história de Flávia — trágica, misteriosa e profundamente humana — segue ecoando como um alerta sombrio: nem tudo o que parece cuidado é, de fato, proteção.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *