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Fim dos tempos: Deslizamento de terra deixa mais de mil pessoas mortas, em… Ler mais

Uma tragédia de proporções devastadoras atingiu o oeste do Sudão neste fim de semana. Pelo menos mil pessoas perderam a vida após um deslizamento de terra arrasar completamente uma vila situada nas Montanhas Marra, na região de Darfur. O episódio ocorreu no domingo (31), depois de dias consecutivos de fortes chuvas que castigaram a área.

Segundo informações divulgadas pelo Movimento/Exército de Libertação do Sudão, apenas uma pessoa sobreviveu ao desastre natural que transformou a pequena comunidade em um cenário de destruição e silêncio.

A vila atingida não resistiu à força da natureza: foi literalmente engolida pelo deslizamento.

O grupo rebelde liderado por Abdelwahid Mohamed Nour, que controla a região, afirmou em comunicado que a população local foi soterrada sem ter tempo de escapar. Entre as vítimas, estavam homens, mulheres e crianças que haviam buscado nas Montanhas Marra um refúgio contra a violência crescente da guerra civil.

A imagem descrita pelo movimento é de uma localidade que desapareceu do mapa em questão de minutos.

O apelo por ajuda internacional é urgente. O movimento rebelde pediu às Nações Unidas e a agências humanitárias que enviem equipes de resgate para recuperar os corpos das vítimas e fornecer apoio aos poucos sobreviventes da guerra e agora também da tragédia ambiental.

A ausência de infraestrutura, a dificuldade de acesso à região montanhosa e o conflito armado em curso no país agravam ainda mais a resposta ao desastre. Até o momento, não há informações sobre quando ou se equipes internacionais conseguirão chegar ao local.

O drama vivido pelos moradores é duplo: além da catástrofe natural, eles já enfrentavam uma guerra civil que assola o Sudão há dois anos.

O conflito entre o Exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF), um grupo paramilitar, tem transformado Darfur em um dos epicentros da violência no país. Fugindo das bombas e dos confrontos, famílias inteiras tinham encontrado nas Montanhas Marra uma relativa segurança, ainda que em condições precárias de sobrevivência, sem acesso adequado a alimentos, água potável ou medicamentos.

A destruição da vila expõe de forma ainda mais dramática a vulnerabilidade dos deslocados internos no Sudão. Estima-se que mais da metade da população do país esteja enfrentando níveis críticos de fome, enquanto milhões foram obrigados a abandonar suas casas. Na cidade de Al-Fashir, capital do estado de Darfur do Norte, os confrontos continuam intensos, tornando inviável qualquer tipo de auxílio local.

O deslizamento, portanto, soma-se a um cenário já marcado pela desesperança, aumentando a pressão sobre organizações internacionais e governos estrangeiros.

Especialistas alertam que fenômenos naturais como enchentes e deslizamentos tendem a se intensificar em regiões já fragilizadas por guerras e crises humanitárias.

No caso do Sudão, a falta de políticas públicas de prevenção e o enfraquecimento das estruturas estatais devido ao conflito deixam comunidades inteiras à mercê da tragédia. Sem planejamento urbano, sistemas de alerta ou serviços de emergência, desastres que poderiam ter impacto reduzido acabam se transformando em massacres silenciosos, muitas vezes invisíveis ao restante do mundo.

A catástrofe nas Montanhas Marra não é apenas um episódio isolado de desastre natural, mas o retrato cruel da intersecção entre guerra, miséria e abandono internacional. O deslizamento que matou mais de mil pessoas reforça a urgência de um olhar global sobre a crise sudanesa, que permanece à margem das atenções internacionais.

Enquanto as vítimas esperam por reconhecimento e ajuda, o risco é que o silêncio sobre a tragédia seja tão devastador quanto o próprio desmoronamento que sepultou uma comunidade inteira.

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