Tristeza e dor: Comunicamos a morte do nosso querido padre Wilson, seu corpo est… Ver mais

O silêncio da BR-280 foi cortado por sirenes e pelo som de frenagens bruscas nesta terça-feira (1º). No asfalto frio de Mafra, no Planalto Norte de Santa Catarina, um trágico acidente selou o destino do padre Wilson Maiorki, de 56 anos — a apenas algumas horas de completar mais um ano de vida. Ele faria 57 nesta quarta-feira (2). O que seria um dia de celebração, virou luto, consternação e muitas perguntas sem resposta.
A manhã seguia como qualquer outra, até que, por volta das 10h, um Fiat Cronos colidiu violentamente com uma carreta. Ao volante do carro estava o padre Maiorki, conhecido por sua atuação ativa em diversas comunidades católicas do Meio-Oeste catarinense. Quem passou pela rodovia naquele momento testemunhou uma cena que parecia congelar o tempo: destroços espalhados, corpos correndo contra o relógio e um clima de urgência no ar.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros Militar, o impacto foi tão severo que o padre foi encontrado em parada cardiorrespiratória. Um milagre era tudo o que os primeiros socorristas — uma bombeira militar e policiais penais que por acaso passavam pelo local — esperavam alcançar.
Por vários minutos, tentaram reverter o quadro ali mesmo, às margens da rodovia. Mas o tempo, implacável, não cedeu. Wilson ainda foi levado com vida para a Fundação Hospitalar de Rio Negrinho, mas não resistiu.
A morte do religioso pegou todos de surpresa. Entre os escombros, restou o vazio de uma presença conhecida, o silêncio de quem pregava palavras e bênçãos agora interrompidas.
O motorista da carreta, de 51 anos, teve apenas ferimentos leves e permaneceu no local, visivelmente abalado com o que acabara de acontecer.
Uma vida dedicada à fé
Wilson Maiorki não era apenas mais um nome no calendário religioso. Natural de Três Barras (SC), ele trilhou um caminho de fé, dedicação e serviço em diversas cidades do estado.
Atualmente, era pároco da Paróquia Santa Cecília, no coração do Meio-Oeste catarinense. Mas sua trajetória já havia deixado marcas profundas em Fraiburgo, Irineópolis e na emblemática Catedral São Francisco de Assis, em Caçador.
Fiel à vocação, Wilson era lembrado por sua voz serena nos sermões, pela atenção aos mais necessitados e por sempre ter uma palavra de conforto pronta para quem batesse à sua porta. Em tempos de crise e incerteza, sua figura era farol para muitos fiéis — agora desorientados pela súbita perda.
Nas redes sociais, as manifestações de pesar se multiplicaram rapidamente.
“Uma alma que só espalhou luz”, escreveu uma paroquiana de Fraiburgo. “Ele nos ensinou a olhar para o céu mesmo quando a estrada se torna escura”, comentou outro fiel.
Coincidência trágica: aniversário interrompido
Há algo de profundamente simbólico — e doloroso — no fato de que o acidente ocorreu na véspera de seu aniversário. Amigos próximos contam que ele planejava uma missa especial, com a presença de familiares, para marcar seus 57 anos.
Estava animado, segundo relatos, com novos projetos na paróquia e falava sobre expandir ações sociais voltadas a jovens em situação de vulnerabilidade.
“Ele estava cheio de planos. Com o olhar no futuro e o coração no presente”, disse uma amiga próxima, sem conter a emoção.
A morte de padre Wilson deixa não apenas uma paróquia sem seu líder, mas um rastro de saudade em comunidades onde ele foi mais que pároco: foi conselheiro, amigo, confidente.
O mistério que permanece
As causas do acidente ainda estão sendo investigadas. Não se sabe ao certo o que teria provocado a colisão — se foi uma tentativa de ultrapassagem, uma falha mecânica, ou apenas uma sucessão de eventos infelizes.
O trecho da BR-280 é conhecido por seu tráfego intenso e, em muitos pontos, por curvas traiçoeiras. Ainda assim, para quem o conhecia, o destino de padre Wilson parece carregado de simbolismo e um mistério que ecoa.
Até o momento, não há informações oficiais sobre o velório, mas a Arquidiocese da região promete prestar homenagens dignas a quem tanto fez pela Igreja e pela comunidade.
Um legado que não será esquecido
A morte do padre Wilson Maiorki interrompe uma jornada, mas não apaga a luz que ele acendeu em tantas vidas. Seus ensinamentos, suas palavras e sua fé seguirão presentes nos bancos das igrejas, nos corações dos fiéis e nas estradas da memória coletiva.
Porque há vidas que, mesmo interrompidas, continuam a ressoar — como uma prece que nunca se encerra.